Alta voltagem
Uma linda visão, colossal imagem
O mundo nos cascos do seu corcel
Na aragem, debaixo do azul do céu
A bela enfeita de afago a paisagem
Doce face, absorta e solta ao ar
Com sua postura ereta, ela impetra
O calor em nível que seduz o poeta
Tão ela, elegante, cavalgando por lá
Trepidando o chão em ritmo veloz
Como ao meu coração, um tambor
Bate forte em meu peito até dispor
De um jeito perfeito, porém, feroz
De causar espanto, de perder a voz
Em alta voltagem que acorda o amor
Ladrão de luz
O olhar suave
do semblante doce
deu de me nublar,
antes que eu fosse.
Como um suspiro,
quase um assovio,
confessei a queda,
e ela me ouviu.
Porém, não abona,
não me abandona,
e nem sequer cogita
que seja eu, o Sol,
o seu parasita.
Sua mão
sobre o livro
Sua mão sobre o livro,
toda a história pousada.
Repousam os adjetivos,
os dedos da mão amada.
Sua mão sobre o livro,
grande potencial de alago.
O livro transborda liras.
A mão, o dom do afago.
Sua mão sobre o livro
livra-me do marasmo.
Dá-me leitura sublime,
ledo e lírico entusiasmo.
Sua mão sobre o livro,
um cisne que nada no lago.
A amabilidade desliza,
minha esperança, propago.
Quanta água
Aos pulos, meu coração se declara,
e ata-me à arte da parte alta, a nata
e me surpreende pelo quanto deságua,
e vê em tudo uma beleza que salva
e o que no meu rude açude represava...
Meu Deus, quanta água, quanta água!!!