Adivinho o seu sonho
Pela janela, aprecio
Ela dorme nas pétalas
Do contraste macio
E repousa na alma
Nesse brando descanso
E no aconchego das alvas
Seu despertar é manso
Vê-se na lua que habita
Que a serenidade é dela
E na sua flor de dormir
Há transparência sincera
Não sei se é um sonho
Ou palpite do coração
Vê-la apalpar as nuvens
Com mãos de algodão
Acho que ela flutua
E adormece em brancura
Deita-se pura e nua
Sem cobrir sua ternura
No suave som que soa
Voos de aves planadoras
Olhos gentis, feição boa
Refletem alma amadora
Foi o amor que me levou
A essa inesgotável fonte
O rio se faz navegador
Inegável sob as pontes
Vai alargando em profundeza
Caudaloso, além dos prantos
Quantas águas na correnteza
Dos seus inúmeros encantos
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