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Encontro com o amor


Meu encontro definitivo com Jesus, em 2011, transformou minha vida da noite para o dia, revelando-me a mão de Deus de forma clara. Porém, devo dizer que esse contato com o Senhor não aconteceu de repente. Desde 2006, quando comecei a buscar a cura dos problemas enfrentados por minha mãe, que eu percebia como espirituais, o Senhor começou a se manifestar para mim com sinais sobrenaturais.

 

Naquela época, eu era bastante eclético em questões religiosas: frequentava a Igreja Católica, assistia às Missas aos domingos, mas também buscava a cura no Espiritismo e na Umbanda.


Num momento crucial em 2009, passei uma noite rezando ao pé da cama do quarto de hotel, suplicando a Jesus e a Nossa Senhora pela cura do meu filho, que naquela mesma noite fora atingido por mielite transversa e se encontrava internado no hospital, paralisado da cintura para baixo. As minhas preces foram atendidas com sinais maravilhosos da intervenção de Deus. Isso aumentou minha fé, mas ainda não houve uma mudança profunda em minha vida.


Em 2010, percebi que podia contar com a ajuda do Senhor nas pequenas questões diárias e recorria a Ele em busca de auxílio. Costumava dizer aos amigos: “O Universo conspira para que eu tenha fé”. Contudo, em 2011, minha vida de pecado acumulou tantas transgressões que parecia transbordar o cálice da paciência divina. Era uma afronta eu continuar assim, após testemunhar tanta bondade e o imensurável poder de Deus.


Na noite de 18 de outubro daquele ano, um desgosto tão profundo me atingiu que minha vida já não tinha mais sentido para mim. Poderia ter morrido naquela noite, mas clamei pelo Senhor e Ele me salvou. A seguir, vou relatar muitos dos episódios dessa jornada espiritual.


Mudança significativa


Minha jornada profissional, iniciada em 1986, pouco antes do nascimento de minha filha Carolina, foi marcada pela dualidade entre jornalismo e publicidade. Como jornalista, atuei como repórter em rádio e jornal, lancei a revista Síntese e editei o jornal Diário da Sorocabana, em Ourinhos, SP. Além disso, exerci a função de assessor de imprensa da UDR do Vale do Paranapanema e, posteriormente, da Prefeitura de Ourinhos.


Na área da publicidade, ocupei o cargo de diretor comercial do Jornal do Vale e fundei minha própria agência, inicialmente chamada Sintaxe e, mais tarde, renomeada para Ipsylon, em 2000. Também atuei como secretário na Prefeitura de Peruíbe, SP, em 2001 e 2009. Passei pela agência Pública como redator e exerci o cargo de assessor de marketing da presidência do Crea-SP. Durante todo esse período, conciliei fases de trabalho integral em empresas e governos municipais com o gerenciamento de minha própria agência, prestando serviços a clientes e desenvolvendo criações, com foco especial em marketing político. Nessa área, utilizei conceitos tradicionais, inspirando-me em profissionais renomados como Duda Mendonça e Nizan Guanaes, e adotando estratégias baseadas nos ensinamentos de Maquiavel, Sun Tzu e Carl von Clausewitz.

De 1988 a 2011, prestei consultoria para candidatos a prefeitos e deputados, além de governos municipais no estado de São Paulo. Minhas atividades incluíam a coordenação de campanhas eleitorais e o desenvolvimento de campanhas de educação ambiental, entre outros projetos.


O encontro com Jesus teve um impacto profundo em minha vida, transformando completamente minha perspectiva profissional. Embora eu ainda trabalhe na área de publicidade, a busca por verbas deixou de ser uma prioridade. A criação passou a ter uma nova dimensão, marcada por uma responsabilidade espiritual, social e política mais profunda. Reconheço que essa mudança traz prejuízos financeiros para meu sócio, não apenas pela diminuição na receita, mas também pelas minhas dificuldades atuais em conquistar novos clientes. No entanto, acredito que meu sócio e amigo, Heliton, foi escolhido por Deus a dedo. Sua generosidade e paciência têm me permitido continuar minha jornada de fé, sem precisar escolher entre Deus e o sucesso profissional. Assim, posso seguir Jesus e não precisar “correr atrás” do dinheiro, como fazia antes de 2011, quando ganhava significativamente mais do que hoje. A maturidade na fé depende essencialmente da escolha: quem é o senhor da nossa vida? Se for Jesus, então o dinheiro não manda em você.


Quando me deparo com um cliente de marketing político que não tem condições de pagar a agência, avalio o grau de idealismo do candidato e, muitas vezes, aceito prestar serviços gratuitamente, como voluntário. Prefiro doar meu trabalho a forçar um candidato a buscar recursos de modo ilícito. Nas campanhas municipais, é comum que os patrocinadores cobrem, após a eleição, “gentilezas com o chapéu do povo” do candidato que apoiaram financeiramente. Com a escassez de recursos do fundo partidário para candidatos do interior, muitos são obrigados a “vender a alma” para disputar uma eleição com chances reais de vencer. Se depender de mim, graças a Deus, esses candidatos não precisam selar seu destino com esse tipo de credor.


Como o dinheiro e o sucesso profissional deixaram de ser meus objetivos, passei a me dedicar ao que não traz retorno financeiro imediato, explorando outras áreas da minha vocação em comunicação. Nas horas vagas, que são muitas, passei a me dedicar à escrita de poesias, ensaios e romances. Desde 2018, publiquei diversos livros, começando com o meu primeiro romance, “Projeto Áries - A fórmula da Amazônia”.


Por intermédio da graça divina, venci o medo da escassez e abandonei a busca incessante pela satisfação material, voltando-me para Deus, minha família e amigos. As pessoas passaram a ser mais importantes para mim do que a busca por realizações egoístas. Minha satisfação passou a ser encontrada nos relacionamentos, e não mais em metas pessoais e materiais.


Em março de 2015, fui guiado por Jesus a fazer uma viagem a Salvador. O que eu não sabia é que essa viagem marcaria meu retorno definitivo à cidade, após exatos 30 anos vivendo fora. Em março de 1995, havia deixado a capital baiana para estudar em São Paulo, onde acabei me casando e fixando residência.


Uma vez de volta a Salvador, morando em um apartamento no Corredor da Vitória que me foi gentilmente emprestado pelo meu sócio, recebi a revelação de que Jesus queria que eu cuidasse de minha mãe. Naquele momento, ela estava sob os cuidados de minha irmã e enfrentava sérios problemas psíquicos e de saúde, o que a tornava completamente dependente. Assim, a partir de 2015, minha mãe passou a morar comigo, e eu fui desafiado a praticar o amor incondicional, como Jesus nos ensina.


Assumir essa responsabilidade foi uma tarefa desafiadora e exigiu uma grande dose de paciência e amor. Conviver com as dificuldades do dia a dia e providenciar os cuidados necessários não é uma tarefa simples. No entanto, sem a ajuda do Senhor, isso seria impossível. Através da oração, encontro a disposição necessária e, muitas vezes, percebo que minha mãe coopera de maneira surpreendente com os cuidados diários. Atualmente, conto com a assistência de duas cuidadoras que se revezam para me ajudar. Ela precisa de auxílio para se locomover, tomar banho, alimentar-se, deitar-se, entre outras necessidades cotidianas.

As promessas

A minha entrega total a Jesus aconteceu em outubro de 2011, mas, antes disso, em agosto, houve uma prévia emblemática. Estava com a mulher, com quem vivia na época, que era evangélica, num culto da igreja Batista do Apascentar, em Brasília, DF. Mesmo eu sendo católico, participava daquele culto com autêntica presença e fé. A pregação sobre a Palavra de Deus, a respeito da cura da filha de Jairo, uma menina de 12 anos, havia me tocado sobremaneira, nutrindo minha esperança quanto à cura da minha mãe, e eu chorei muito naquela noite, orando fervorosamente. Ora, eu já era testemunha do poder de Jesus, quando havia curado meu filho.

Ao final do culto, o pastor chamou a todos para se aproximarem do altar. Havia dezenas de pessoas e eu estava no fundo. Mas ele apontou para mim e disse: “Deus falou comigo a seu respeito, disse-me que vai lhe dar uma pá para você desenterrar seu sonho”. Eu tinha certeza de que vinha de Deus, mas não me pergunte por quê. Eu chorava, copiosamente, como sempre que fui e ainda sou tocado por uma mensagem ou intervenção divina.

Depois dessa noite, passei a ler o Evangelho compulsivamente. Até em sinais de trânsito, quando parava o carro, ligava o celular e voltava a ler o versículo em que havia parado, numa Bíblia que eu tinha no smartphone. Pela primeira vez, estava compreendendo melhor a linguagem do Evangelho, o que me faz crer, hoje, que já estava sob a graça do Senhor, com a ação mais intensa do Espírito Santo em mim. Até por isso, todas as construções ilusórias que eu havia levantado, começou a ruir a partir do mês seguinte: meu orgulho, o “casamento” e a sociedade empresarial, três castelos de areia.

Seis meses depois, quando havia perdoado as pessoas que julgara culpadas pela minha infelicidade, voltei a Brasília para me reconciliar em amizade com minha então ex-namorada. Era uma tarde de domingo, quando tomamos um sorvete num shopping e, depois, ao cair da noite, resolvemos ir juntos àquela mesma igreja, na Asa Sul de Brasília. Novamente, após o culto, o pastor rodeou o dedo escolhendo com quem falar e as pessoas pediam por profecias, mas ele dizia “quem escolhe é o Espírito Santo”. Em seguida, apontou para mim na multidão e disse: “Deus está vendo o seu esforço”. Comecei a chorar como da primeira vez. O pastor então continuou: “Você será muito abençoado, você vai perder todos os seus medos, sua voz vai melhorar, sua aparência também, você vai ajudar a salvar muitas vidas...” Ele disse muitas outras coisas, mas eu estava em êxtase e não consegui memorizar. Após isso, enquanto uma mulher da igreja rezava e me abençoava, o pastor profetizou para outras pessoas. Depois, ele se voltou para mim, aproximou-se e perguntou fora do microfone quem eu era para receber tantas promessas? Respondi que morava em São Paulo e que estava visitando Brasília, e que aquela era a segunda vez que ele profetizara a meu respeito. O pastor ficou espantado e dividiu essa informação com o público. Eu deixei minha amiga em seu apartamento e voltei para minha casa em Peruíbe, cheio de fé, transbordando esperança. Aquele momento foi crucial para eu suportar os martírios pelos quais passo até hoje.

Não obstante o tempo de penitência, confirmo que minha aparência mudou muito naquele mesmo ano. Uma sobrinha disse isso num comentário de Instagram e me fez lembrar a promessa. Minha voz, surpreendentemente, ficou mais afinada e ganhou um grave sutil. Creio que ainda vai melhorar, pois tenho sinais de vez em quando de como ela pode ficar. Perdi meus medos de doença e da morte, além de ter me livrado de certa paranoia, que me levava a desconfiar das pessoas, tentando antever algum tipo de traição. Tenho dado meu testemunho e procurado obedecer a Deus, embora reconheça minhas dificuldades e me aflija por não conseguir entender direito o que o Senhor quer de mim.


Por um fio de esperança


Na noite de 18 de outubro de 2011, despertei de um apagão e me vi dirigindo a cem por hora, na rodovia dos Imigrantes, a alguns quilômetros de São Paulo, sentido litoral. Fiquei assombrado! Como fui parar ali? Se eu estava dormindo, quem guiava o carro com as minhas mãos? Poucos minutos antes, eu tinha batido o carro num poste, na Ricardo Jafet. Naquela noite, minha vida não valia nada, pois eu amargava uma grande decepção e insuportável dor, por me sentir traído por pessoas em quem havia confiado muito.


Não tinha a intensão de viajar para o litoral. Naquela noite, procurava uma hospedagem para dormir em São Paulo, pois tinha uma reunião de trabalho na manhã seguinte. Ao ver que fora tomado por transe sobrenatural e que já não tinha controle sobre minha vida, pedi demissão da direção de mim e me entreguei completamente a Jesus, pedindo para que o Senhor tomasse as rédeas e me fizesse Seu instrumento. Foi então que comecei a viver, e a metanoia foi radical.


O início de uma nova vida, com mudanças radicais de paradigmas, não é fácil, mas contamos com a ajuda de Jesus para resistir às tentações. Como marqueteiro político, fui perdendo clientes que não acreditavam mais na minha eficiência e, realmente, algumas experiências não resultaram em vitória eleitoral. Cheguei a ouvir de um amigo: “Felix, quando você era o capeta, a gente só ganhava eleição. Agora que você está querendo ir para o céu, a gente só perde” (risos). Pela graça de Deus, consegui resistir à pressão de sucumbir ao antigo Yuri. É muito melhor um pouco de dinheiro abençoado do que uma fortuna carregada de culpa.
Além das tentações na área financeira, agravadas pela escassez em que eu me encontro, enfrento muitas provações relacionadas aos desejos sexuais e o meu maior pecado me persegue. Volta e meia, sinto-me à beira de uma armadilha, que poderia me levar à reincidência da transgressão de cobiçar a mulher do próximo. Pela graça de Deus, até aqui, consegui guardar a castidade sem perder a esperança nem a fé. Deus me ajuda a suportar a longa espera. Como eu me arrependi do terrível pecado, de ter me apaixonado por uma mulher casada, e a convencer de se separar para ficar comigo (antes de me entregar a Cristo), não posso repetir esse erro, agora que Deus perdoou o meu pecado, deu-me vestes novas, purificou meu coração e renovou meu espírito.


O caminho da redenção é escolhido por Jesus, que procuro seguir com confiança e boa vontade. Não forcei nada. As coisas vão acontecendo, enquanto vivo em submissão à Sua vontade. Como publicitário, passei a fazer trabalhos por caridade e, sem ganhar o suficiente para viver, experimentei a provisão de Deus, que, até aqui, manteve-me vivo e sem o estresse de antes, portanto, com uma melhor qualidade de vida e saúde, apesar de viver com bem menos recursos materiais, sob muitas provações. Fácil não é, mas não trocaria pela vida de pecado que tinha antes.


Fui agraciado com novos dons e com a cura de uma doença que parecia sem solução: o metabolismo precário e o excesso de ácido úrico no sangue. Inicialmente, sofri do agravamento do mal da gota, que enfrentava desde 1996, e piorou muito, durante minha jornada da fé, entre 2013 e 2021. Entretanto, as terríveis dores me serviram de penitência e para que eu sofresse em Cristo, pois Ele sofreu comigo, até que, finalmente, tive a cura total em 2022.

 

Diante da revelação da cura, cheio de gratidão, tive a coragem de testemunhar o milagre nas redes sociais.
Voltando ao apagão enquanto dirigia, em outubro de 2011, eu me senti no fundo do poço e clamei por Jesus. Ele me salvou e tem cuidado de mim até hoje. Desde então, não escolho o que fazer por ambição, mas por orações a Deus, pois quero fazer a Sua vontade. Todos os dias, assim que acordo, peço a Ele que paute minhas atividades e procuro fazer com amor tudo o que chega a mim para fazer, o que vem, até hoje, por amigos que precisam de trabalhos gratuitos. Fora esses trabalhos que faço com a gratuidade do meu sócio e minha, o Senhor me inspira a fazer o que mais me apraz, pois Deus é Pai. Então, dedico-me às artes, pintando, cantando, desenhando e escrevendo poemas, romances e ensaios. Foi assim que, entre 2018 e 2022, publiquei oito livros em edições independentes.


Não sou um profissional bem-sucedido, do ponto de vista humano, mas me considero um homem feliz, pois vivo com contentamento, apesar das privações e de certa solidão, pois me sinto sob a graça do Senhor. Os sonhos que persistem, depois de tantos anos de penitência, creio que sejam aqueles plantados por Deus em meu coração. O Senhor me encoraja a sonhar, provendo paciência e fé, para que eu não me apresse em realizar o que idealizo e consiga continuar esperando nEle, o provedor das coisas justas.


Antes de me entregar a Jesus, eu vivia do meu jeito e confiava na força humana, fazendo-me dependente de circunstâncias para viver bem, vivendo muitas vezes de aparências e esforçando-me para esconder a verdade sobre minha condição miserável. Hoje, digo de peito aberto que sou um pecador, um pecador arrependido, e não tento parecer melhor do que sou, preferindo ser eu mesmo, viver minha própria vida. No mais das vezes, vivia estressado e respondendo mal às frustrações, como um menino mimado, suscetível, levando tudo para o lado pessoal e fazendo-me de vítima.


O que aprendi, que acho que é o mais valioso da jornada da fé, é que ninguém é melhor que ninguém. O que nos faz errar menos é a graça de Deus sobre nós, mas a graça depende da fé para ser alcançada, pois, se não confiamos em Deus, agimos com malícia, por medo, interesse ou sem piedade. Com essas características, perdemos as oportunidades que o Senhor nos dá. Sem gratidão, corremos o risco de errar mais e mais, mentindo para nos safar ou nos dar bem, acumulando fardos e nos afastando (ficando mais dessemelhante) de Deus, virando presa fácil para o Maligno. Se você ainda não confia no Senhor Jesus e não é grato a Ele por ter se sacrificado para nos salvar, dê um passo de fé, busque-O de todo o coração, arrependa-se dos pecados e se converta. Precisamos da comunhão com Ele para andarmos na direção certa.


Se você quiser saber mais sobre a minha experiência e como fui encontrado por Jesus, leia a seguir o meu testemunho mais detalhado.

Um vazio no coração

Desde cedo, a comunicação foi minha vocação natural, um chamado que me guiou em direção aos campos do jornalismo e da publicidade. Embora tenha considerado seguir o caminho das artes plásticas, foi o fascínio pela palavra escrita que me atraiu para o mundo da propaganda, onde pude fundir minha paixão por desenho e escrita em uma única expressão criativa. Mais tarde, descobri em mim uma sensibilidade latente para questões políticas. Esse dom, combinado com meu faro jornalístico, aprimorado ao longo dos anos, não só alimentou minha empatia, mas também direcionou minha criatividade para servir aos verdadeiros interesses públicos. Após uma campanha eleitoral vitoriosa em 1988, me vi envolvido de forma irremediável no campo do marketing político.


Apesar de aparentemente ter tudo o que precisava para prosperar, uma inquietação persistia em meu coração. Por mais que me dedicasse de corpo e alma aos meus clientes, desejando sinceramente o sucesso deles, e mesmo ostentando o título humorístico de “marqueteiro baiano”, o sucesso profissional parecia escapar-me. Até o ano de 2011, meu portfólio consistia principalmente de campanhas para prefeitos de cidades do interior e, no máximo, deputados federais.


Minha obsessão pelo sucesso profissional, no entanto, teve um custo pessoal significativo. O distanciamento da espiritualidade e minha fixação excessiva na materialidade da vida me conduziram por um caminho moralmente descuidado. Quando negligenciamos a necessidade de aprovação divina, buscando apenas a validação humana, abrimos espaço para desvios de caráter. Acreditamos que nossas ações ocultas não terão repercussões, e isso me levou a ser um marido infiel e a negligenciar minha família. Com o coração obscurecido, minha visão da realidade estava turvada, levando-me a decisões equivocadas. Embora minha carreira profissional aparentasse prosperidade, minha vida pessoal estava em frangalhos.


A verdade tornou-se clara para mim quando me deparei com o colapso dos alicerces da minha vida. Em 2011, senti-me perdido e desamparado, não apenas como empresário, mas como ser humano. Esgotado pelas experiências de insucesso, especialmente nos relacionamentos amorosos, vi-me em meio a cinco separações e inúmeras tentativas frustradas de construir uma família estável. Na sexta tentativa de “casamento”, mergulhei em um relacionamento conflituoso que apenas agravou minha angústia interior.


Sempre uma luz

Naquela época, eu vivia imerso em profunda tristeza, com uma constante sensação de vazio que parecia não ter fim. Apesar de ser católico crismado, eu estava distante da Igreja e completamente perdido. Desesperado para encontrar um sentido e uma reviravolta na minha vida, busquei ajuda em diferentes caminhos espirituais: espiritismo, candomblé e umbanda. Procurava Deus, implorando pela cura de minha mãe, que sofria de problemas emocionais e psiquiátricos sem diagnóstico claro. Ao mesmo tempo, eu também estava em busca de algo para aliviar meu próprio sofrimento.

Carregava muitos fardos sem saber como me purificar ou buscar perdão. Não me confessava, tampouco rezava diariamente, e assim, minha alma continuava perdida. Nessa jornada, procurei nas outras religiões uma cura milagrosa para minha mãe, mas sem o verdadeiro comprometimento espiritual. Eu via essas práticas como uma forma de combater feitiçaria com mais feitiçaria, o que refletia minha compreensão espiritual distorcida daquele tempo.

Mesmo com a minha visão equivocada, Jesus teve piedade de mim. Em cada lugar que fui, senti a presença de uma força espiritual me acompanhando. Os médiuns frequentemente respondiam a perguntas que eu fazia apenas em pensamento, e os pais-de-santo diziam coisas que reforçavam em mim a sensação de grande proteção divina. Em Salvador, Mãe Estela me disse que eu poderia fazer o que quisesse, que nenhum mal me atingiria, pois eu tinha proteção. Em Ourinhos, uma vidente afirmou que meus projetos fracassados eram, na verdade, uma forma de proteção espiritual contra males maiores que poderiam me prejudicar, especialmente em relação a verbas públicas, que naquele momento poderiam me levar a cair em esquemas de corrupção.

Em Itanhaém, uma médium pediu ao público do centro que fizesse uma hora de reflexão e orações. Depois, deu uma palestra de uma hora inteira. Para minha surpresa, toda a palestra dela foi uma resposta direta às quatro perguntas que eu havia feito minutos antes em minhas orações silenciosas. No final, ela ainda respondeu a uma quinta pergunta, que eu tinha feito no fim da palestra. Mais tarde, quando encontrei minha irmã em Santos, contei a ela o ocorrido. Ela me disse algo que ecoa em minha mente até hoje: “Então era Deus mesmo respondendo suas perguntas, Yuri, pois nem o diabo consegue ler pensamentos. Apenas Deus.” Suas palavras foram fundamentais para fortalecer a minha fé, e sou eternamente grato a ela por isso.

Naquela época, costumava dizer aos amigos que parecia haver uma conspiração divina para que eu desenvolvesse minha fé. Talvez eu tenha até me sentido importante por isso. Hoje, sei que, por ser fraco e sensível, eu não teria suportado viver muito mais tempo sem a fé que fui desenvolvendo ao longo dos anos. Muitas pessoas, tão sensíveis quanto eu, se perdem por não buscar a Deus no momento certo, quando já estão sobrecarregadas e esgotadas. O que poderia ter sido minha ruína, transformou-se em um caminho de desenvolvimento e crescimento pessoal, graças à luz que encontrei na fé.

Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte.

1Coríntios 1:27

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A cura do meu filho

Em 2009, meu filho Francisco tinha 14 anos e estava apaixonado por sua primeira namorada. Festejava a experiência dele, enquanto enfrentava meus conflitos, sofrendo muito por causa da quinta separação. Certa noite, eu estava num quarto de hotel, em Ourinhos, e um perfil fake de redes sociais conversava comigo por aplicativo de mensagens. Eu pensava que era minha ex-mulher e fiquei irritado com as provocações (hoje tenho certeza de que não era ela). Quando eu, levado pela ira, xinguei essa pessoa por mensagens, ela disse mais ou menos assim: “É assim que fala comigo? Você é muito grosso, mas verá o que vai acontecer com você. Vai aprender a não agir mais assim”.


Desliguei o notebook e deixei o quarto do hotel, dirigindo-me a um conhecido bar da cidade, chamado Cachaçaria. Pedi uma dose de uísque com gelo e, quando fui tomar a primeiro gole, o celular tocou. Era a tia do meu filho, avisando que ele estava no hospital da Unimed, e que o assunto era grave, pedindo que eu fosse lá imediatamente. Gelei. Deixei o copo no balcão e sai do bar sem explicar ao garçom. Como me conheciam, colocaram a despesa na minha conta.
Ao chegar, a tia de Francisco me recebeu na entrada do hospital e me disse: “seu filho teve uma paralisia repentina do umbigo para baixo e sua mãe o trouxe para cá. Os médicos o examinaram e deram medicamentos, mas nos disseram que é grave e que devemos rezar, pois fizeram o que podiam. Agora depende de um milagre”.


Ouvi aquilo com muita atenção e o coração querendo sair pela boca. Apresentei-me na recepção e me dirigi ao quarto. Tive um momento de muito sofrimento, ao ver meu filho naquele estado. A mãe dele me disse que os médicos haviam diagnosticado como mielite transversa, que poderia ser por vírus, bactéria ou uma doença autoimune, com ampla possibilidade de permanecer do jeito que estava ou ficar com alguma sequela. Ela disse que precisava passar a noite acordada, vigiando-o, pois que, se a paralisia subisse até o pulmão, precisaria de equipamento para auxiliar na respiração, e era para chamar uma enfermeira ao menor sinal de tosse ou incômodo. Então ela pediu para que eu fosse dormir e, descansado, assumir o plantão na manhã seguinte, já que ela teria que passar a anoite acordada.


Fui para o hotel desolado. Ao chegar, abri o notebook e comecei a pesquisar na Internet, coloquei os sintomas e veio a resposta que coincidia com o diagnóstico dos médicos: mielite transversa, com um terço de chance para recuperação total; um terço, para parcial, e o outro terço, para permanecer do jeito que estava. Eu me ajoelhei ao pé da cama e comecei a orar, implorar, chorar em gritos de aflição. Minha alma parecia querer sair pela boca, enquanto eu clamava a Jesus e a Nossa Senhora. Era a primeira vez que eu rezava daquela forma e, depois, não me lembro de ter feito isso de novo, não na mesma intensidade. Por toda a noite, mantive o choro e a oração e, pouco antes de amanhecer o dia, tive um súbito alívio daquela angústia. Ao mesmo tempo, veio-me o entendimento de que seria atendido nas minhas preces, então pedi mais uma coisa, dizendo a Deus: “vou precisar de coragem, e preciso de um sinal claro de que ele ficará bom”. Depois disso, dormi.


Acordei por volta de 6h30. Estava descansado, como se tivesse dormido a noite toda e me senti tão em paz que até tomei café, antes de ir ao hospital. Ao chegar, a recepcionista me deixou entrar e me dirigi ao quarto. O dia estava nublado e as luzes do corredor do hospital já estavam apagadas, produzindo uma penumbra. Como não tinha movimento, dava a impressão de ser bem mais cedo do que era, por volta das 7h30. Ao chegar ao quarto, vi que a cama em que meu filho tinha ficado estava vazia, minhas pernas ficaram bambas. Temi que tivesse ido para a UTI e precisava correr até lá, mas não tinha pernas nem para me virar. De repente, uma enfermeira surgiu na porta e disse: “eles devem estar no banheiro”.


Quase sem forças, abri a porta do banheiro que estava na minha frente. Ao abrir, a cena que vi, sob a forte luz do banheiro, gerando um alto contraste com a penumbra em que eu estava, deram-me a impressão de estar diante de um santuário. Nele, meu filho na cadeira de rodas, um enfermeiro do lado e minha ex-mulher, do outro, os três sorriam para mim. Parecia que sabiam que eu ia abrir a porta e se posicionaram para me fazer a surpresa. Nesse momento, meu filho disse: “pai, acordei bem melhor e já não estou mais com medo”. O suspense, o alívio e a forma alegre com que meu filho falou comigo, somados, deram-me o sinal que havia pedido a Deus. Daquele momento em diante, eu era o acompanhante mais otimista, consolando a todos que vinham me consolar.


Quando aconteceram várias coincidências que apontavam para a cura de Francisco, todos se admiravam e eu as recebia como uma confirmação supérflua das minhas convicções a respeito da recuperação. Graças à bondade de Deus, que ouviu as nossas súplicas e nos atendeu, meu filho ficou bom. Mas eu, ingrato e egoísta, orgulhoso e insensato, continuei vivendo em pecado. Não me converti, depois desse milagre, e considero esse o maior erro da minha vida.

 

Deus existe


Meu filho ainda estava no hospital e começaria a ter sessões de fisioterapia, quando eu deixei o hotel, até porque não poderia continuar pagando as diárias, e voltei a Peruíbe, onde tinha residência fixa. Dias depois, um amigo de Itanhaém me chamou para ir ao Centro Espírita que ele frequentava e eu fui. Durante a sessão, teve um momento, depois das orações, inclusive depois de todos rezarem o Pai Nosso de mãos dadas, uma médium me abordou e perguntou: “teve recentemente um problema na família, não foi”? Respondi que sim. “Foi só para você ver que Deus existe”, ela disse. Concordei, pois vivi o testemunho em que Deus se manifestou para mim com muita misericórdia.
Preciso dizer que a iniciativa não foi do Senhor, pois Deus não faz o mal. Ele permitiu que acontecesse o encomendado contra mim com o propósito de transformar o mal num bem. Mais tarde, perguntei em oração e o Senhor me revelou a origem do trabalho espiritual que moveu forças malignas para que me fizessem o mal. Não pegou em mim porque, se sim, eu aceitaria a paralisia, pois sabia que era um pecador e que merecia até pior que aquilo, mas pegou no meu filho porque era para eu pedir a Deus com todas as forças da minha alma e, quando Ele me atendesse, eu cresceria na fé, justamente como aconteceu.
Saber da origem daquele mal não mudou meu estado de espírito, de pura gratidão. Não tive sentimento de vingança. Na verdade, eu orei pelas pessoas que encomendaram a maldade que atingira meu amado filho. Pois Deus teve piedade de nós e nos salvou de uma tristeza esmagadora.
Cresci na fé, mas não o bastante para abandonar a vida de pecado. Saber que Deus existe e isso não causar um grande impacto na nossa vida revela alguma anestesia demasiadamente forte. O que é isso? Saber que Deus existe e não obedecer ao que Ele diz através da Bíblia? Saber que Deus existe e não mergulhar em Sua Palavra com desejo ardente de conhecê-lo? Alguma coisa estava errada comigo, mas eu não sabia.
Não mudei minha vida, mesmo sabendo que Deus existe, mas creio que o Senhor mudou a maneira de como interagia comigo. Se Ele era sutil antes, passou a ser mais presente e, claro, mais exigente. Jesus disse que a quem muito é dado, muito será exigido (Lc 12:48). O Senhor queria o meu bem, e eu não. Ou não sabia o que era para o meu bem. Eu estava mergulhado no pecado e anestesiado (ou cego, para usar analogia bíblica), e não pedia a Jesus para ver melhor. Não buscava conhecimento. Queria milagres, pois buscava também pela cura de minha mãe em todas as religiões, mas não queria obedecer aos preceitos do Senhor, e viver em comunhão, semeando o bem, espalhando os ensinamentos de Jesus e a intrínseca esperança. Eu desistiria de mim, pois tudo levava a crer que eu não tinha conserto.


Enfim, a conversão


Embora cada experiência sobrenatural tenha contribuído com o crescimento da fé, nada disso me ajudava efetivamente. Até que, ao sentir o gosto amargo de uma profunda decepção comigo mesmo, não tive dúvidas e me entreguei verdadeiramente a Jesus para que cuidasse da minha vida. Fiz isso por duas vezes no ano de 2011, quando minha vida mudou completamente. Meus pecados haviam se acumulado e eu não sabia pedir perdão a Deus para me purificar. Então, quando me entreguei na primeira vez, não sabia o que estava fazendo e, mesmo que Jesus tenha me ajudado muito, eu continuava rebelde, vivendo em pecado, e tentando resolver as coisas do meu jeito, acreditando muito ainda nos recursos da inteligência humana. Apesar do meu mau comportamento, principalmente nos anos de 2010 e 2011, sinto que o fato de ter buscado a Deus foi determinante para eu estar vivo até hoje.
Num determinado dia de agosto de 2011, acompanhei minha então namorada em um culto evangélico. Sou católico e ela era evangélica. Não me acompanhava na Missa por achar ser pecado. Quis mostrar a ela que eu não tinha preconceito e a acompanhei em sua religião. No culto da Igreja Batista do Apascentar, na zona Sul de Brasília, eu me sensibilizei muito com a pregação e chorei sobremaneira. Ao final do culto, que durou cerca de duas horas, o pastor pediu que as pessoas se aproximassem do altar. Apontou para mim, que estava ao fundo, atrás de dezenas de fiéis. Questionei se era eu mesmo, sentindo no coração que era, pois já estava emocionado. Ele confirmou e disse: “Deus falou comigo a seu respeito. Disse que iria arrumar uma pá para você desenterrar seu sonho”. Em seguida, disse uma frase que eu entendi assim: “algo grande vai acontecer em Brasília”. Minha companheira entendeu: “algo grande vai acontecer em sua família”. Ao confrontar as duas versões, horas mais tarde, compreendi que eram duas bênçãos na profecia anunciada para o meu testemunho.
No momento em que o pastor disse aquilo, eu chorei copiosamente. Sentia no meu coração que vinha realmente de Deus. A partir desse episódio, passei a ler o evangelho compulsivamente. Até no carro, quando parava num semáforo, dava para ler alguns versículos e, assim, eu aproveitava cada tempo possível para a leitura. Por um milagre, aquelas palavras, que antes me pareciam difíceis de entender, estavam mais compreensíveis e eu fui assimilando o que Jesus dizia. Lia, entendia e aceitava no meu coração aquela sabedoria, mas não colocava em prática, devo confessar. Continuava com os mesmos hábitos e fui vendo meu castelo de areia ruir em pouco tempo. Primeiro, a namorada passou a me desprezar e me deixou morando sozinho na enorme casa (de cinema) que meu sócio havia alugado, dentro do projeto empresarial que me levara ao Distrito Federal. Depois, fui sentindo a dor do insucesso no trabalho e aquele amargo do vazio no dia a dia.
Resultado, tudo o que eu vivia foi desmoronando e eu continuava com a mesma postura de antes, sempre querendo arrumar um culpado, não admitindo os meus erros, até que vivi o dia mau, perante uma grande decepção, com o esgotamento de todas as forças e até vontade de morrer, em 18 de outubro de 2011. Naquele dia, cai em mim. Estava em São Paulo. Não sabia que eu mesmo havia semeado o que estava colhendo. Portanto, achava aquilo injusto e sofria mais do que deveria, sentindo-me traído e incapaz de lidar com a situação. À noite, tive uma confusão emocional e acabei batendo o carro num poste, tentando achar um determinado motel, na avenida Ricardo Jafet, onde costumava dormir, quando pernoitava em São Paulo.
Depois da batida, já que os policiais de um posto próximo não vieram até o carro, dei marcha ré e tomei a pista, continuando a procurar o motel. Dei diversas voltas na longa avenida e, misteriosamente, não conseguia encontrar. Até que apaguei e acordei com o carro em movimento na rodovia dos Imigrantes. Tomei um susto. Quem estava dirigindo o carro para mim, enquanto eu estava desacordado? Perguntava. Como fui parar na rodovia, se eu estava na avenida? Então clamei por Deus. Pedi ao Senhor que me ajudasse a voltar a São Paulo e encontrar o tal motel, pois precisava urgentemente descansar.
Havia viajado de carro de Brasília a São Paulo, naquele mesmo dia e tinha uma reunião de trabalho na manhã do dia seguinte. Estava exaurido e sem muita vontade de viver. Mas me lembrei da promessa da pá para desenterrar meu sonho e desejei viver, acreditando que eu estivesse justamente no caos que iria gerar o bem prometido. Então, pedi ajuda ao Senhor. Assim que clamei, Deus me atendeu, pois melhorei, senti minha mente mais organizada e logo vi a placa de retorno, dirigindo-me de volta a São Paulo e encontrando o tal motel. Graças a Deus.
No dia seguinte, como por um milagre, minha consciência se abriu e passei a enxergar a mão de Deus em tudo o que acontecia, ajudando-me a resolver problemas e dando-me demonstrações de poder e de atenciosa caridade. Pouco antes de dormir na noite anterior, havia chorado muito e pedi por misericórdia. Desse dia em diante, comecei a perceber a ajuda divina, livrando-me do que achava impossível ser salvo e dando uma demonstração de que todas as maldições haviam caído por terra. Agora, eu estava nas mãos de Deus. Dia 20, dois dias depois do dia mau, ainda em São Paulo, eu disse: só vou me mexer se o Senhor me disser se devo ir para a frente, para a direita ou para a esquerda. Nesse momento, o celular tocou.
Vou voltar o tempo para explicar o quão foi emblemática essa ligação. No início daquele ano, ainda morava em Peruíbe, no litoral paulista, e vinha atravessando um longo tempo de tribulação. Certo dia, tive um impasse que não estava conseguindo resolver. Até então, confiava na minha capacidade de conciliação e de solucionar problemas de relacionamentos, mas já estava reconhecendo a existência de obstáculos sobrenaturais e invencíveis pela limitada capacidade humana. Não conseguia me fazer entender em coisas simples e a intransigência das pessoas, cada vez mais difícil de contornar. Então sofria muito. Num momento de grande frustração, peguei o carro, sai de casa e fui à beira da praia, onde estacionei e com os vidros fechados. Chorando muito, gritei com todas as forças da minha alma: “Deus, cadê você?” Nesse exato momento, o celular tocou.
Era uma amiga de Peruíbe, Shirley Duarte Lima, que ligava por um assunto qualquer, aparentemente por coincidência, mas não existe acaso para um cristão. Além de entender o telefonema como uma resposta de Deus às minhas súplicas, nunca fui de esconder minha real situação e desabafei com ela aos prantos. Ao perceber meu desespero, ela disse que não poderia ir ao meu auxílio, mas mandou seu filho. A ida do filho dela, Kaio Lima, com 21 anos na época, era o real propósito de Deus naquele telefonema.
Não obstante sua idade, Kaio já tinha uma forte formação bíblica, pois desde criança frequentava a Primeira Igreja Batista de Peruíbe. Quando ouviu minhas queixas, disse-me algumas verdades bíblicas e me aconselhou a me entregar a Jesus. Naquele momento, com o coração quebrantado, entreguei-me ao Senhor pelo testemunho e orações do jovem missionário. Fui sincero na minha entrega, mas repito que não entendi bem o que significava aquilo e, como disse há dois parágrafos, continuei com a minha costumeira rebeldia (leia-se desobediência ou pecado).
Voltando ao dia 20 de outubro de 2011, quando o celular tocou, era a mesma amiga Shirley, de Peruíbe, perguntando-me onde eu estava. A mesma pergunta que fez, na ligação anterior. Com isso, Deus me fez ligar os dois fatos e entender Shirley, como uma pessoa a serviço Dele para me ajudar. Respondi que estava em São Paulo e ela fez outra pergunta que me pareceu esquisita: “O que está fazendo aí?”. Ela sabia que eu só poderia estar a trabalho, pois morava em Brasília, mas tinha clientes e parceiros em São Paulo. Havia tido uma reunião, no dia 19, com uma empresa de pesquisas. Em seguida, antes que eu respondesse, ela perguntou: “Por que não vem para cá? Fica aqui em casa”. A forma como ela falou aquilo e, claro, o Espírito Santo traduzia em sentimentos ao coração, eu tinha certeza de que era uma ordem de Deus. Pois o leitor lembra que o telefonema aconteceu, quando perguntei a Jesus se deveria andar para a direita ou para a esquerda. A pergunta foi literal. Não estava me referindo à política (risos). A pergunta “o que está fazendo aí?” me soa hoje como Deus perguntara a Adão “onde você está?”, sabendo onde e por que estava se escondendo. E a pergunta “por que não vem para cá?”, seguida do convite para me hospedar, foi fundamental para eu entender a vontade de Deus, e, por isso, obedeci prontamente.
Foi assim que passei a discernir a vontade do Senhor, com ajuda do Espírito Santo, que traduz as coisas que vejo, ouço ou leio, conforme Sua vontade. Tenho procurado seguir Jesus desde esse episódio de outubro de 2011, o que me levou a maravilhosas experiências sobrenaturais e a uma mudança radical no meu modo de pensar e compreender a realidade.
Católico
No início de 2012, eu vinha frequentando a Igreja Batista, quando Deus me fez voltar a frequentar a Igreja Católica, conferindo autenticidade do meu batismo e a minha vocação católica. Estava hospedado num hotel, em Ourinhos, quando entendi, naquela noite, que Deus queria que eu fosse à Casa do Senhor. Pensei que se tratava de um templo da Igreja Batista. Tinha me sentido mal-recebido numa igreja de Peruíbe, por causa de intriga de algum irmão, e havia muito tempo que não ia à igreja. Pensei que Deus queria que eu me reconciliasse com os batistas, mas não havia templo que estivesse aberto. Achei estranho, pois tinha certeza da ordem do Senhor. Depois de muito procurar, relaxei conformado com a frustração e parei o carro numa rua em frente a uma praça para mandar uma mensagem para meu filho e avisar que passaria em sua casa. Queria dar um passeio com ele, tomar um sorvete, algo assim.
Meu filho respondeu que tomaria um banho e que me esperaria. Quando desliguei o visor do celular e o guardei, vi que algumas pessoas estavam atravessando a rua e se dirigindo a uma igreja. Só então percebi que havia parado em frente à Catedral de Ourinhos, minutos antes de começar a Missa da noite. Nesse momento, tomei consciência da vontade de Deus. A casa do Senhor, aonde deveria ir, é esta aqui. Foi uma surpresa para mim, pois tinha compreendido até então que a minha conversão tinha sido, e dependia disso, uma mudança de religião. Então mandei uma mensagem de texto para meu filho: “enquanto toma banho, vou à Missa. Depois passo aí. Daqui a uma hora”.
A Missa me emocionou e, pela primeira vez, senti Deus falando comigo, através da homilia de um padre, na Igreja Católica. Naqueles meses, era muito comum sentir a atenção do Senhor para com os meus pensamentos, nas pregações, quando os pastores falavam coisas que me tocavam muito e até respondiam perguntas que eu fazia em oração silenciosa. Esse canal com Deus, eu achava que pertencia à experiência evangélica e fiquei admirado. Então discerni: “Deus quer que eu volte para o catolicismo”.
Quando o padre nos conduziu a rezar Ave Maria, eu chorei e orei a Deus em pensamentos: “eu amo Maria por ser mãe do meu Senhor, mas não a adoro como os evangélicos dizem”. Nunca entendi bem a fronteira exata entre amar e adorar, mas aprendi que, quando tememos adorar, não amamos. Ao lutar contra “adorar”, podemos até criar uma indisposição. Imagine o absurdo: amar Jesus e nutrir uma repulsa em relação a Maria. Mesmo não se igualando a Deus, ninguém duvida da comunhão de Nossa Mãe com Seu filho Jesus ou com Deus Pai que a escolheu. Mas não devemos ficar discutindo isso. Devemos é confiar e amar a todos sem fronteiras, sempre tendo Deus acima de tudo. Naquela noite, entretanto, eu estava com medo de adorar e chorava, perguntando a Deus se eu poderia rezar a Ave Maria com os irmãos.
Nesse momento, meu celular vibrou. Apressei-me em ver o visor, pois Deus fala muito comigo por outras pessoas e, muitas vezes, pelo celular. Vi pelo pulse na tela inicial a mensagem: “Beleza”. Era meu filho, em relação ao que havia escrito para ele anteriormente. Contudo, tive a tradução do Espírito de que aquela mensagem era a resposta de Deus à minha oração. Eu podia então rezar Ave Maria, o que fiz com muito amor e gratidão no coração, às lágrimas. Nossa Senhora intercedeu pela cura do meu filho, creio firmemente nisso. Em outras situações, com muita paciência e amor, Jesus promoveu minha reconciliação com nossa Mãe. Desde o Natal de 2019, tenho rezado o terço todos os dias. Só o Espírito Santo poderia me fazer seguir essa orientação, sem me esquecer um dia sequer. Ela tem rogado por mim e pelos meus amigos e familiares, livrando os mais próximos, durante a pandemia.

Treino difícil, missão fácil

Durante o ano de 2012, tive um treinamento para obedecer aos sinais de Deus. Conheci o seu imensurável poder e assimilei emocionalmente o seu infinito amor. Em 2013, passei a lidar com as provações e enfrentei muitas tribulações, problemas crônicos de saúde, enfrentando dores físicas e dificuldades de locomoção, além do martírio da paciência, com longos dias e noites à espera de uma nova ordem. Havia uma diferença no sofrimento das dores físicas, pois eu não tinha medo. Nem do problema se agravar nem de morrer. A dor era somente física, pois que, emocionalmente, eu me sentia consolado por Jesus. Posso dizer que reduz em muito o sofrimento, quando a dor não é acompanhada do medo.
Passei por experiências de escassez, sem recursos para sobreviver, dependendo de caridade, entre 2011 e 2015. A maior parte dos trabalhos eram por caridade, sem remuneração. Mas nada me faltou por causa das providências de Deus, cuidando de mim, pois alguns amigos sempre me convidavam para refeições, nos momentos cruciais, além de me ajudarem com demais necessidades.
Entre os amigos que me ajudaram nesta época, além de Shirley Duarte Lima e seu filho Kaio, destaco Ricardo Simões e Mário Mateus, donos da Delfim Verde, que pagaram minhas diárias atrasadas num hotel e me emprestaram uma casa para morar e um escritório para trabalhar em Ourinhos. Cito também Murilo Pinheiro, que pagou meu combustível enquanto eu tinha carro, autorizando ao posto abastecer meu carro por conta de sua empresa, além de me convidar muitas vezes para tomar café da manhã na padaria ou almoçar num bom restaurante. Aparecido Bruzarosco, que me convidou inúmeras vezes para almoçar em sua casa. Além de Andrey Deviene, que fez uma permuta generosa comigo, permitindo que eu almoçasse em seu requintado restaurante, em troca de serviços publicitários. Destaco também minha ex-mulher, mãe do meu filho Francisco, Esmeralda Soares, que levou mantimentos e remédios, durante minhas enfermidades, os infindáveis dias de cama e dor, mas nenhuma solidão por causa de Jesus. Alguns outros me ajudaram, mas não tenho condições de lembrar de tudo agora e poderia lembrar de alguns e esquecer de alguém, o que me deixaria triste. Citei apenas os amigos mais próximos, no estado de São Paulo.
O tempo de sofrimento e de dependência dos amigos e familiares nos ajudam a crescer em humildade para prosseguir aprendendo e, ao mesmo tempo, perdendo o orgulho, o que costuma nos deixar cegos. Foi assim que ganhei preparo psicológico para a tarefa que viria. À espera de uma grande missão a serviço de Deus, entendi finalmente, em 2015, que o Senhor queria que eu voltasse a morar em Salvador.
Na capital baiana, onde mora grande parte da minha família materna, percebi que o objetivo era assistir minha mãe em sua enfermidade. Para tanto, dois amigos foram fundamentais. Um deles, Heliton Castelo Branco, que foi meu professor de matemática em 1981 e 82 e se tornou um grande amigo. Ele me emprestou um apartamento para morar e acertou comigo um trabalho, remunerando-me até hoje, mesmo que a empresa não tenha receita e não justifique a despesa comigo. Trata-se, na verdade, de caridade disfarçada de emprego, ou melhor, sociedade. Mais que eu, Deus sabe e não esquece. Haverá de o compensar por essa grande demonstração de amor e compaixão. O outro é Gerson Guimarães, que me ajudou muito, financeiramente, e alegrou vários dos meus dias, em meio à penitência, chamando-me para almoçar e arcando sozinho com as despesas.


A paciência do amor cristão


Em 2015, não foi fácil cuidar de mamãe. No início, ela tinha muitas crises e seu comportamento, insurgente e até agressivo, exigia muita paciência. Entendi logo nos primeiros dias de convivência com ela o motivo de ter sido tão disciplinado por Deus. O Senhor me habilitou e ainda me dá a Sua graça para eu ter tolerância emocional suficiente, e não me deixar ofender pelas suas agressões verbais, muito aguçadas, diga-se de passagem. Se eu ainda residisse no ego e dependesse do orgulho para ter o mínimo de contentamento, como antes de ter sido encontrado por Jesus, não teria suportado. Até hoje, que diminuíram muito as suas crises emocionais, não suportaria nem conseguiria nada, sem a ajuda de Jesus
Cristo me ensinou e me insta, sustentando-me por Sua graça, para que eu semeie o amor incondicional. E mostra-me que dá frutos magníficos com essa extraordinária aula prática, enquanto aprendo a exercer a caridade. Com efeito, minha mãe começou a melhorar de comportamento e, atualmente, dá para ver o milagre, pois dorme bem, alimenta-se bem e as crises nervosas passaram a ser raras, aliás, raríssimas.
Quando acontece uma crise, ponho-me a orar. Às vezes, rezo o terço, em súplicas a Jesus por intercessão de Nossa Senhora, e logo ela se acalma. Posso dizer, neste momento em que escrevo, que em dois anos, ela só teve duas ou três crises, sem muitas consequências e com rápida recuperação. Um verdadeiro milagre do nosso amoroso Senhor, o Mestre do amor, a quem devemos ouvir e obedecer com plena confiança. No momento em que atualizo este texto, ela tem 78 anos e rezo ainda pelo milagre de ela ficar totalmente curada. Sonhei que voltara até a dirigir automóvel. Espero que seja um sonho profético.


Jesus ajuda


Logo após o convite de Shirley, em outubro de 2011, fiquei dois meses e meio hospedado em sua casa, em Peruíbe. Havia abandonado a elegante casa em que estava morando e o alto pró-labore que ganhava em Brasília. Tenho certeza de que Deus me dará a oportunidade para reparar qualquer injustiça que eu tenha cometido ao sócio, naquela época. Até agora, apenas pedi perdão, através de uma pessoa muito querida que temos em comum. Pois abandonei tudo para seguir a Cristo, que, naquele momento, arrumara uma família para me acolher e uma casa em que eu pudesse me hospedar, enquanto fragilizado, até que eu me recuperasse, longe de tudo que havia me feito mal.
Fui muito bem cuidado pela família que me acolheu. Tenho muita gratidão à amiga Shirley, seu esposo Caio, e seus filhos Kaio e Tiago. Que Deus sempre abençoe a todos dessa família, os “bons samaritanos” que me acolheram e cuidaram de mim, num momento crucial da minha vida. Através do filho mais velho, Kaio, o mais religioso da família, Deus me acrescentou ensinamentos bíblicos e me ajudou a enxergar onde mais eu errava, para ter levado minha vida ao precipício de onde fui resgatado por Jesus. Em janeiro de 2012, prevendo possíveis trabalhos e prováveis ganhos financeiros, consegui alugar uma casa e fui morar no bairro Veneza, onde pela solitude de morar sozinho, concentrei-me no relacionamento com Jesus. Foi onde li grande parte da Bíblia e passei noites em claro, em longas conversas e discussões com Deus.
Diante da consciência de que eu é que era o problema do mundo, pois antes reclamava muito dos outros, fiquei tão decepcionado comigo que me abati sobremaneira e uma tristeza profunda tomou conta de mim. Deus providenciou dois antídotos, na época. Um foi o telefonema de minha irmã Andréa, em que eu chorava e dizia a ela o quanto eu tinha errado na vida... Deus queria me mostrar que eu não era de todo ruim e, em determinado momento da conversa, fez-me contar a ela que as moças do café da Prefeitura de Peruíbe, onde trabalhei por um tempo, certa vez, disseram-me que eu era muito atencioso e transmitia positividade, sempre sorrindo para elas com simpatia. Minha irmã então disse palavras que funcionaram como um bálsamo nas feridas da minha alma:
— Ah, Yuri. Então Jesus é com você, pois Ele disse que se agíssemos com bondade para com os Seus pequeninos, que são as pessoas mais humildes, assim, estaria agindo com Ele.
Ela se referia ao versículo:
— O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram.” (Mateus 25:40).
O que minha irmã me disse funcionou como um santo remédio para a minha depressão, meu pasmo diante da consciência dos meus pecados. Outra coisa que Deus usou para me levantar, quando mais eu estava para baixo, foram coisas que Kaio me disse, certamente a serviço de Deus.
Naquela época, eu chorava muito, a todo instante, em qualquer lugar que estivesse. Estava com o coração quebrantado e muito arrependido dos meus pecados. Eu pensava muito no malogro dos meus relacionamentos, pois foram seis tentativas malsucedidas de “casamento”. Num momento em que eu chorava muito por causa desse fracasso no campo amoroso, justamente quando eu pensava que haviam se esgotado todas as chances de ser feliz com uma mulher em amor verdadeiro, Kaio disse, sem saber o motivo do meu choro, uma coisa que me consolou muito:
— Não chore, Yuri. Deus vai lhe dar uma história de amor que você nunca teve na vida.
Parecia Jesus falando comigo, pois funcionou como um bálsamo. Acho que foi o Espírito Santo que me fez entender aquilo como a promessa ou um aditivo das promessas. Portanto, eu cri que veio de Deus e essa esperança tem contribuído muito para que eu suporte as penitências da jornada da fé. Pois ter me separado tantas vezes, para mim, é como ter falhado na principal missão desta vida. Daí, o leitor tira o quanto me alegrou aquela consolação que só poderia ter vindo de Deus, de que me daria uma nova chance e cuidaria pessoalmente para dar certo e ser, verdadeiramente, uma história de amor, coisa que eu ainda não havia tido, devido às minhas precipitações e cegueira derivada dos pecados. E posso dizer hoje, depois de quase onze anos, que é o sonho que sobreviveu ao tempo.
Em outra ocasião que eu chorava muito, Kaio ficou irritado com o pranto insistente e me disse, ríspido:
— Sabe qual é o seu problema? Você é muito sensível. Foi por isso que deu tudo errado na sua vida. Você é muito sensível e faltou pulso para segurar a barra.
Ele se referia, principalmente, à minha suscetibilidade, pois era orgulhoso e me feria facilmente, reagindo mal a tudo o que me acontecia, que contrariasse os meus desejos. Mas eu estava tão abatido que concordei com ele, entendendo que estava se referindo à minha sensibilidade de alma, que me dava estesia em relação à arte e à contemplação poética. E não sabia o que fazer com essa “nociva” sensibilidade, agora a culpada de tudo (risos). Como combatê-la? Estava tentando endurecer ainda mais meu coração, o que me deixaria mais melindroso ainda, agravando o verdadeiro problema.
Pensei em arrancar a sensibilidade com a unha, mas não sabia por onde começar (risos). Então, naqueles dias, o próprio Kaio me sugeriu ouvir os sermões do pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista de Água Branca. Enxergando que muito do que Kaio me dizia, na época, vinha do próprio Deus, procurei baixar na Internet várias pregações em arquivos de áudio do referido pastor. Aprendi muito com ele e um dos primeiros sermões que ouvi funcionou como instrumento de cura para mim, que estava achando que meu problema era ser muito sensível, no sentido amplo da palavra.
Refiro-me a uma série de sermões de Ed René sobre o rei Davi e, em especial, a sua introdução ao tema. Ele disse que estudou muito sobre Davi para entender por que aquele homem tinha um coração segundo o coração de Deus, como dizia a Bíblia Sagrada. Então, ele debruçou sobre a vida de Davi e a dividiu entre o poeta, o guerreiro, o adorador, o amante e o profeta. Depois de estudar muito e ver Davi em todas essas áreas de sua vida, chegou a uma conclusão: “Davi era um homem sensível”. Aquilo me curou e todas as pregações da série me revelaram uma forte identidade com o servo amado de Deus. Até o seu pior pecado se parecia com o meu. Então, eu me enchi de esperança e coragem para continuar vivendo, ainda mais sensível, porém, combatendo o orgulho e a vaidade que me tornavam suscetível e reativo.
Outro momento crucial e introdutivo para uma depressão, em que o Senhor usou Kaio para me levantar, foi quando eu estava num hotel em Ourinhos, sentindo-me muito mal e irrecuperável. Ele me ligou de Peruíbe. Então, eu me abri e disse:
— Amigo, eu não tenho jeito. Sou um pecador sem recuperação. Vou decepcionar Jesus, pois não consigo me dominar a ponto de evitar o pecado.
Meu maior problema era lidar com a castidade, pois estava no início e eu ainda sofria muito por dependência de sexo. Mesmo não rompendo a continência principal, eu ainda me masturbava (até 2015) e sofria por desejar ardentemente uma mulher, por quem me apaixonara. Com ajuda de Jesus, consegui evitar o sexo sem compromisso, esperando com firmeza até hoje por um casamento que legitime com amor a relação mais íntima entre um homem e uma mulher. Evidentemente, não tendo o sexo como fim, mas o amor integral. Mesmo assim, sei bem a importância da comunhão sexual e Deus não tirou de mim a capacidade nem a libido, mantendo-me capaz de ser feliz, quando o que espero com fé venha a acontecer, lembrando que tenho a promessa de viver um grande amor.
Quando falei da minha decepção a Kaio, por telefone, ele me consolou com algo que só Jesus poderia dizer, pelo grau de conhecimento:
— Rapaz, tenha confiança. Quantas pessoas você conhece neste mundo? Quantas delas são capazes de admitir o erro e de confessar a insuficiência Se você admite seus erros e os confessa e se arrepende, pode ficar certo de que Jesus lhe perdoa e vai lhe transformar. Tenha fé e seja paciente consigo mesmo.
Aquilo também me salvou da depressão e discerni Jesus na fala de Kaio. Isso não diminui minha gratidão ao amigo, que agradeço até hoje. Mas devo ressaltar minha gratidão maior a Deus. Obrigado, Senhor! Do mesmo jeito agradeço às pessoas que tiveram boa vontade e se deixaram usar por Deus para me ajudar. Tenho comigo, que Jesus só usa pessoas que nos amam para nos ajudar, e, por isso, diz-nos para nos amarmos uns aos outros. Dessa forma, Ele atuará mais intensamente para nos ajudar, através do próximo.


O amor na política


Em 2016, disse a um amigo que Deus não me queria mais como marqueteiro político, pois que eu enxergava minha vocação, hoje, mais voltada para a poesia. Esse amigo me respondeu com uma pergunta: “sobre o que mais um poeta fala”? E eu respondi: sobre o amor. Ele replicou: “amor é o que mais falta na política”. Disse isso e sorriu com cara de Jesus.
Algum tempo antes, precisamente em 2013, quando eu questionava muito sobre o espírito de caridade e como que eu poderia ajudar as pessoas, pois que os pobres não solicitavam serviços publicitários, deparei com uma entrevista do Papa Francisco, em que ele disse, mais ou menos assim: “a maior caridade que se pode fazer é na política, pois visa o bem comum”.
Com essas duas manifestações, em que enxerguei Deus falando comigo, eu me senti inspirado, levando em conta a experiência que havia adquirido, durante toda a minha atuação profissional, cheguei à conclusão de que minha principal missão é na área política. Então, dei os primeiros passos, escrevendo o livro Amor Político, publicando-o em 2021 e fazendo a segunda edição em 2022.

(*) Este testemunho é o mesmo texto que consta na segunda parte do livro Amor Político (3.ª edição, Salvador, 2024), a ser lançado nos próximos dias.

Foto: Composição fotográrica de Yuri com o livro Amor Político em sua 3ª edição versão 2024.

MINHA
EXPERIÊNCIA
DE FÉ E AMOR
COM JESUS
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